01:43...
estendido sobre a cama...
escutando o “Till the sun turns black” do Ray LaMontagne...
Se me perguntasses ontem se voltava a ter um blog... por impulso responderia que não.
Não significa que tenha alguma razão concreta para tal, algum motivo que o justifique, mas também não tenho nenhum argumento objectivo que me leve a responder simplesmente que sim, ou que é tudo o que mais desejo. No fundo um blog, como quase tudo o resto nesta vida, não tem que ter uma lógica de suporte. Quantas vezes nos chegou um mero e efémero: “Sim... Porque Sim!” ou um “... Apeteceu-me!”.
Era o que te diria hoje...
Penso agora no tempo que passou desde a última vez que escrevi alguma coisa e no quanto sou idiota por não o fazer com maior frequência. Será imaturidade, preguiça, má gestão de tempo, falta do que dizer...? Sim, talvez um pouco de tudo isso.
Normalmente escrevo para música, e a verdade é que acabo por sentir esses momentos, em que as palavras surgem para colorir sons, como sendo mais de criação musical do que literária. Esse processo é normalmente lento. Existe uma ideia a transmitir, a forma é pensada, repensada, apagada, rescrita, rasurada... esquecida, guardada na gaveta... uns dias, umas semanas... recuperada, rascunhada, sentida... até que um dia dia, como que por milagre, todas as palavras acabam por fazer sentido... juntas.
Quando a escrita é muda, sem estar presa a uma melodia, preocupo-me com a clareza da mensagem, com a “onda” e ritmos do texto, com as repetições, as redundâncias, com a sugestão de caminhos, construção de cenários, intensidade dramática... ou então, noutros dias, tudo passa por libertar, desabafar, exorcisar medos, expressar sentimentos, decifrar o que nos vai na alma... o que nem sempre é fácil e nos faz por vezes verter algumas lágrimas... mesmo quando já à partida se sabe que depois se estará mais disponível para sorrir... e seguir, com a lógica do conjunto.
Agora gostava que fosse diferente, de não ter esse tipo de preocupações, de lógica ou de sentido. Mais rápido, imediato, transparente, com menos reservas, menos terapêutico... O fundo é negro para evitar esbarrar no síndrome da página em branco, negro para me fazer lembrar o velho quadro da escola onde havia sempre ideias, onde se desenhava quando não se sabia o que escrever. Quero encontrar aqui um espaço de liberdade absoluta, sem restrições, ressentimentos, sem meias palavras, sem absurdas preocupações estilísticas...
Sim, é importante...
Se me perguntares dir-te-ei também que este espaço vai ser apenas meu e de quem o encontrar.
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1 comentário:
Eu encontrei-te a ti...
Descobri o teu espaço...
Gostei do que vi...
Mas quero o meu abraço.
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